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A Luz que nos ilumina


“As nações de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor!” (cf. Sl 71,11). Com este refrão do Salmo desta Santa Missa, temos o norte do que festejamos: a Epifania do Senhor, na percepção da Sua manifestação a todos os povos.

 

Essa totalidade é figurada pelos magos do Oriente que, vendo um evento cósmico diferente no céu, corretamente interpretaram como a chegada do Senhor, e, por isso, foram adorá-Lo. O cristão, ao viver a solenidade de hoje, é chamado a perceber os mais diversos sinais de Deus, da Sua chegada e da Sua presença em suas vidas, e, cruzando vastidões, aventurando-se no desconhecido, em abandono à providência divina, quem sabe até arriscando o seu conforto e a segurança de sua própria existência, deve buscar o Senhor, que sempre Se deixa encontrar, que sempre está perto (cf. Is 55,6).

 

A profecia de Isaías acerca desta manifestação a todos os povos, de todos os tempos e lugares, utiliza e muito explora a imagem da luz, contrapondo-a às trevas: “Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor. Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor,  e sua glória já se manifesta sobre ti. Os povos caminham à tua luz e os reis ao clarão de tua aurora” (Is 60,1-3). Como pode Jerusalém acender a luz para contemplar uma outra, muito mais radiosa? Jerusalém acende a luz quando se permite abrir à contemplação  Daquele que a tudo ilumina e, iluminando, dá calor e sentido. Sem Deus, que, livre e amorosamente, Se manifesta, o mundo não tem vida, calor ou sentido em si mesmo. Assim também a vida do homem.

 

Todos caminhamos à procura da luz. O problema é que muitos não são sinceros e criteriosos nesta procura, e, ofuscando-se com pseudoluzes periféricas, atrapalham-se na opção pelo que realmente ilumina: Jesus Cristo, que disse de Si mesmo: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). E quantos param à margem, alheios à luz, estacionando-se em tantas trevas, onde não existem clarividências, apenas sombras indecifráveis e tortuosas. É interessante que, na nossa cultura, o escuro, as trevas inspiram perigo.  Quantos vivem nessa zona periculosa?!

 

No Menino do Presépio, aqueles aos quais a tradição denomina Gaspar, Melquior e Baltasar, ou Reis-magos, encontraram a luz para as suas vidas arriscadas e cansadas pela longínqua estrada percorrida, ameaçada por uma possível vingança do tenebroso Herodes ou mesmo pelo acúmulo das ciências naturais das quais eram estudiosos. Nem mesmo aquela estrela exuberante lhes enchia o sentido do viver. Carregando-se naquilo que portavam - ouro, incenso e mirra - portavam os seus corações. E, naquela cena misteriosa, onde o extraordinário cedeu lugar ao comum, porque nada demais viram quando entraram na casa, a não ser “o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele e o adoraram” (Mt 2,11). Reconhecendo-O Deus, renderam-se totalmente, permitindo-se iluminar as suas existências. Inclusive, conta outra tradição não-bíblica que, após a ressurreição do Senhor, o Apóstolo São Tomé os encontrou no Reino de Sabá, onde foram por ele batizados e consagrados bispos. Depois foram martirizados, prestando testemunho da fé cristã com o rubro dos seus sangues no ano 70. E isto lhes digo para reforçar em nós a ideia de como aqueles homens se deixaram iluminar pela Luz-Cristo por toda a vida, nunca caindo no ocaso.

 

Se os magos sentiram a alegria em ver a estrela (cf. Mt 2,10), a alegria maior foi a de deixarem-se iluminar pelo Cristo. Se ficamos radiantes de júbilo porque encontramos o Senhor na Sua manifestação em nosso ser, esta vibração se dá porque, encontrando-nos com o Cristo, deixando-nos iluminar por Ele, somos associados às Suas promessas (cf. Ef 3,6), recebendo todos os tesouros da divindade como presente imerecido por nós, mas distribuído pela misericórdia do Senhor para a nossa salvação. Enriquecidos por incomparáveis bens celestes já nesta vida, empreenderemos a nossa viagem para o céu, onde reencontraremos Aquele que nos cativou o coração com a Sua luz admirável e inesquecível, Jesus, o Salvador, Deus bendito para sempre. Amém.

 

Padre Everson Fontes Fonseca, pároco da paróquia Sagrado Coração de Jesus (Grageru).

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