top of page

O amor familiar


Ao celebrar Jesus, Maria e José – a Sagrada Família –, convido-lhes para que, novamente, olhemos e, em meditação, pensemos no que pedimos ao Pai na Oração de Coleta desta Santa Missa: “Ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares as suas virtudes para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa”.

 

Quando festejamos os santos – e não seria diferente com a Sagrada Família – não somente os homenageamos, mas fazemos propósitos de, contemplando os seus exemplos, também nos empreendermos a imitá-los. E ao que nos propomos hoje? A, como famílias cristãs, como “igrejas domésticas” – no dizer de São João Paulo II, sermos unidos, ligados no amor.

 

Não pensemos que, neste caso, o amor seja um mero sentimento humano. Não. Não era um sentimento humano que unia Maria e José. O amor a que nos propomos hoje, observando a Sagrada Família, é o próprio Deus (cf. 1Jo 4,16). Assim como a vida da Sagrada Família orbitava em torno do Filho encarnado, Jesus, o Filho de Maria e José, Deus deverá ser centro das nossas relações familiares. Caso contrário, a família humana cairá no desgaste do que é efêmero, limitado, porque, mesmo falando de amor, se este não for Deus, a família ruirá, porque será “semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína” (Mt 7,26-27). Logo, o amor, que é Deus, não será apenas o ligame, mas também será o fundamento da existência e do sustento das famílias cristãs, porque serão semelhantes “a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha” (Mt 7,24-25). Logo, o amor-Deus é o fundamento para os nossos lares; é, como afirmou São Paulo aos Colossenses, “o vínculo da perfeição” (3,14).

 

Não pensemos ainda que o amor, por ser Deus, é uma realidade etérea, das nuvens, genérica, desencarnada. Caber-nos-á a urgente tarefa de traduzir o evento Deus, que une as nossas famílias e as fundamenta, para a realidade cotidianamente exigente de cada lar. Sim, o amor de Deus se encarnou em Cristo, e, hoje, Cristo quer se fazer presente nas nossas famílias a partir de cada atitude de seus membros. Por isso, que a Igreja nos apresenta esta Primeira Leitura do Eclesiástico (cf. Eclo 3,3-7.14-17) como ilustração para que os cristãos, em seus lares, facilitados na vivência familiar, cultivem, na prática, o amor de Deus, manifestando-O. O sapiencial Eclesiástico inspira-nos a viver a honradez, a autoridade dos pais sobre os filhos, o respeito dos filhos aos pais, a compreensão, a humildade como necessários, inclusive, à felicidade de cada membro de um lar. Tudo isto proporcionará não apenas uma felicidade no porvir, no futuro, mas trará a paz a cada coração, e a partir da individualidade de cada um, a todo o lar.

 

Caso detectemos que tais atitudes práticas não estejam acontecendo em nossas casas, não esmoreçamos. Faz-se necessária uma coragem para uma conversão interior; e, da interioridade, para graus exteriores, cada vez maiores, que não excetuam a família, mas perpassam por ela. Neste sentido, apontando a família, célula-mater da sociedade, como promotora de um mundo melhor, em simultâneo em que trata sobre a conversão particular de cada membro do lar cristão, o Papa São João Paulo II dirá: “Todos devemos opor-nos com uma conversão da mente e do coração, seguindo a Cristo […], no dizer não ao próprio egoísmo, à injustiça originada pelo pecado - profundamente penetrado também nas estruturas do mundo de hoje - e que muitas vezes impede a família na plena realização de si mesma e dos seus direitos fundamentais. Uma semelhante conversão não poderá deixar de ter influência benéfica e renovadora mesmo sobre as estruturas da sociedade” (Familiaris Consortio, 9).

 

Na fórmula do Sacramento do Matrimônio, temos: “[…] e te prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida” (Ritual do Matrimônio, 62). Que os esposos nunca se esqueçam do que prometeram: o amor; que os filhos nunca se olvidem de como foram gerados: no amor; que os pais nunca percam de vista o porquê de tantas privações na lida dos seus filhos: pelo amor. E assim, o amor-Deus nunca faltará, principalmente, quando a família for interpelada à fidelidade em meio às dificuldades. No amor estará a nossa santificação; é por ele que, tal como ainda pedimos na Oração de Coleta, chegaremos um dia às alegrias da eterna casa de Deus.

 

Padre Everson Fontes Fonseca, pároco da paróquia Sagrado Coração de Jesus, Grageru.

Comments


Brasão_Arquidiocese__de_Aracaju_2019.png

Arquidiocese 

aracaju

de

 Arquidiocese de Aracaju

CNPJ: 13.043.021/0001

Curia Metropolitana

 

Praça Olímpio Campos, 228, Centro

Aracaju/SE - CEP: 49010-040

  • Whatsapp
  • Instagram
  • Facebook ícone social
  • YouTube
Siga-nos nas redes sociais.
bottom of page