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O sinal da ingratidão


Ontem, parei no sinal vermelho. A vida civilizada sempre pede paradas e respeito. Ao parar, um jovem veio ao meu encontro. Ele pedia algo. O povo em situação de rua é fruto do desamor, não só da pobreza social. Não! Observei, e não tinha nada que pudesse colocar a segurança do mundo civilizado em jogo.


Ao meu lado, parou um "carrão", com  películas bem escuras. O motorista  desceu o vidro e ofertou uma garrafa de whisky, que ele, provavelmente alcoolizado, vinha tomando. O rapaz disse: não bebo, obrigado! E se retirou para a calçada. Quem estava dentro do veículo era alguém dito "civilizado". Com um som bem alto e tocando o terror! O sinal abriu e segui meu caminho. E pensei: a maior pobreza não se encontra nas ruas. A maior pobreza se encontra em nós, que somos desumanos e desonestos afetivamente.


A primeira cura que a sociedade precisa passar é no campo do amor. Como podemos dizer, num país como este, que "bandido bom é bandido morto", se o crime é algo que está em nossas entranhas? Não pensem que sou comunista ou esquerdista. E, mesmo que fosse, precisaríamos respeitar o diferente. 


Temos que superar essa dicotomia da maldade que afundou as relações humanas no Brasil. Nossas linhas ideológicas sempre existiram.


O que acontece agora não é problema para o futuro. Não! O que está acontecendo é que gente doente chegou ao poder. Gente violenta, gente sanguinária, gente desagregada. Pessoas que agem e falam a partir das suas doenças de caráter. Elas são, muitas vezes, dissimuladas. Enfrentam e matam as pessoas, sem argumentos, sem diálogo. 


Insisto na linguagem do afeto. O amigo psicanalista @lucio.costta tem nos provocado a não entrar no pólo que diverge, mas no pólo que agrega pela via do respeito. 


Como discursar numa assembleia irreflexiva? Como estabelecer um diálogo com alguém que mata a possibilidade da escuta? Como estabelecer pontes com pessoas tão violentas? 


Acompanho os discursos e debates no Congresso Nacional e assusta o tanto de violência verbal, o tanto de mentira, o tanto de ausência da ciência e de bons debates. É impressionante. 


Ontem, fui dormir com aquela imagem das pessoas "boas e civilizadas". Você dirá que é caso isolado. Não é mesmo! A linhagem do afeto salva! 


Vosso, pe. Anderson Gomes 

Pároco da paróquia São Pedro Pescador.

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