top of page

Por uma comunicação do amor



Comunicação violenta a partir da violência sistêmica nas mídias sociais. Uma rede de fakes que gera desconexão e raiva, elementos da nossa primitiva humanidade, têm nos distanciado. A razão está confusa. Nossos afetos dissipados. Precisamos caminhar! Propor...


Lembro das aulas da filósofa Carla Dorneles. Ela unia biodanza e filosofia com seu feminino integrado. E a sua linguagem soava paz, amor, confiança. Aprendemos a fazer perguntas, com aquela mulher cheirosa que chegava com seus traços humanos no Seminário.


Seminário e espaço formativo sem a presença feminina atrofiam a nossa masculinidade. Observamos que a linguagem em voga é sempre dura e acusativa, dissoando do Cristo que dizemos crer.


Ao mergulharmos na leitura espiritual do Evangelho entramos na mística dos sentidos de Cristo, a sua psicologia humana é sempre uma busca para integrar a nossa que sempre busca uma raiz em que se fundar. Olhar para a humanidade de Jesus é integrar a nossa. O conceito de sagrado e divino que foge a nossa realidade é sempre fugaz. Os encontros de Jesus com as pessoas são sempre formas de soneto de salvação. Ele geralmente não pergunta o que a pessoa fez, Ele fala e recria a nossa vida, os nossos abismos. Do seu Coração só jorra salvação.


Geralmente, as nossas sombras residem em sombras mal lidas e ou rezadas. Aí. a violência se torna o beco que a gente entra pra matar os nossos fantasmas, aquele nosso lado que persegue e acusa. Quando a gente não integrou fé, espiritualidade e humanidade nos refugiamos numa pseudo dogmática e numa vã espiritualidade. O caminho do nosso poço é árido e fecundo. Jesus não chega a nós e diz que nossa fonte é fétida. Ele não pode se contradizer. Anular o homem é se anular.


As expressões místicas e comunidades que existem. se não reencontrarem o eixo do amor e da integração, vão gerar pessoas violentas que vão gerar discípulos que se violentam e violentam. Os rios da vida nos recordam que nossa história é linda. Que o caminho da fé liberta. E libertação não é progressismo ou esquerdismo. Não! É encontro com uma Causa, um Rosto, um Amor! É vida assumida e redimida por essa causa, por essa vida que soprou em nós e fez de nós uma "poeira enamorada", como diz o pe. Tolentino. Somos mais do que tudo que podemos imaginar. Jesus e todos nós somos uma pergunta em aberto. Ninguém decifra e ninguém esgota o que somos. Ninguém! Vamos desembocar no Rio e na Noite da Salvação, lembrando as quatro noites da salvação de +B. Forte.


Todas as perguntas que fazemos na vida são nada. As nossas teses, as nossas especulações, se não servem para integrar a vida na Vida, serão projeção do nosso eu sombrio nas falas ocas de quem tem tanto a ofertar, mas se perde em si e no seu delírio de Onipotência. Perceba que o eixo de imaturidade de alguém é repetir uma ideia fechada e não transcender a ela.


A pessoa imatura, humana e espiritualmente, não consegue dialogar. Diálogo é sincronia com a morte que é vencida pelo amor. Quem é raso na vida Espiritual não quer se enxergar com sua nudez, não se suporta, não se ama. Só acusa! Tem medo do abraço e do toque. Ele ou ela precisa esconder a sua flacidez numa doutrina do vazio. Vive uma vida longe da fonte que jorra ressurreição e capacidade de acolher o diverso. É um ciclo violento em que vivemos... Pessoas assim não são formadas pela liberdade, mas pela violência dos acertos rituais que precisamos cumprir. Isso é morte! As redes são provas cabais disso.


Voltando a professora Carla, lembro que nossa aula da saudade foi no seu apartamento. Ela tinha preparado uns quitutes para brindarmos a dança da vida. E naqueles anos ouvimos não só ela, mas tantos professores decentes e humanos. E a linguagem era silêncio e respeito aos limites. Ouvimos o som do coração. Éramos divergentes, mas havia respeito.


Temos com o advento das redes sociais uma sociedade violentada nas suas emoções, fruto de uma repressão animalesca e primitiva. Os desafios dos tempos atuais é a falta espiritual da capacidade de dialogar. As pessoas querem matar sem saber o que levou à morte do outro. Estamos na fase da humanidade que dissipa a vida, os sonhos. As toxinas que comemos da raiva e ódio da carne do animal abatido estão nos fazendo animais da pior espécie. E isso é uma forma de anulação das coisas divinas. O culto se tornou um ringue de quem tem mais austeridade e mais sincronia, o dom está sendo abafado pelo animal racional que tem na passionalidade doentia a sua rota.


Lembro que, quando era jovem, fui ver um abate de bois na estrada do Cedro de São João com meu primo (já na Glória) Christiano, e recordo que era uma dor sem fim para o animal. E virava as vistas porque aquele não era o meu lugar, a violência é nossa fuga, diante dos nossos "animais" que precisam apenas ser aceitos e lavados e tratados.


O fogo do Amor se derramou em nós. Vamos começar o Advento e, na liturgia da noite do Natal, cantamos o anúncio do Natal do Senhor. Todo ano, aquela oração secular da Incarnação me invade e choro. Choro porque não me contento com a violência dos religiosos que matam Jesus a cada dia. E isso é antiEncarnação do Verbo.


Quem ouviu a voz e os sinos de Belém precisa deitar no chão da vida e gritar ao Deus que se faz Amor em Jesus: glória a Deus nas alturas que nos salvou e sempre nos salvará do ódio e da morte. E quem creu em Jesus poderá morrer sozinho, mas nunca na solidão. Os poetas são assim. Et Verbum Caro Factum est. Sinos de uma vida nova e de uma linguagem de Amor nesse mundo cheio de linguagem violenta e banal. Somos filhos da Luz e seremos até o fim!


Pe. Anderson Gomes, pároco da São Pedro Pescador e representante geral do Clero.

Comments


Brasão_Arquidiocese__de_Aracaju_2019.png

Arquidiocese 

aracaju

de

 Arquidiocese de Aracaju

CNPJ: 13.043.021/0001

Curia Metropolitana

 

Praça Olímpio Campos, 228, Centro

Aracaju/SE - CEP: 49010-040

  • Whatsapp
  • Instagram
  • Facebook ícone social
  • YouTube
Siga-nos nas redes sociais.
bottom of page