Um "deus" mortal e voraz...
- Pe. Anderson Gomes
- 10 de ago. de 2023
- 5 min de leitura

Um "deus" que vive da destruição de seus delirantes seguidores. Ufa! Precisamos propor vias do Espírito! Nesses dias, ouvimos muitas coisas do Alto. Paramos um pouco. E fizemos a oração dos transeuntes. Dos mendigos. Quem não leva a sério a vida espiritual cairá na ideia do "deus" que consome e tira a vida. Um deus que vende e devora os seus consumidores.
Os dias que atravessamos são desafiadores, e sem vida interior não suportaremos. Os delírios estão por toda parte. Pessoas que se arvoram com ar de "santidade", mas que estão sofrendo de algum distúrbio mental. E com esse tema só os especialistas. Precisamos ajudar essas pessoas, propor vias. Que tal convidar o amigo (a) da área para atender na sua Igreja? É para pensar. E isso tem sido recorrente.
O Brasil se tornou um 'manicômio' a céu aberto. Sofremos de uma patologia da fé customizada que não forma, mas adestra e cria rincões de UFC religioso. O nocaute é para matar quem tem menos fé e não segue a doutrina e os bons costumes. Quem bate mais é o mais santo. Quem gritar, quem desfazer do Papa, quem não entrar nesse ringue está condenado à morte, moral e física. Isso porque fundamentamos nossa prédica nos predicados belos e fecundos da Igreja, porém, os bastidores da fé são perigosos e passam distante do Evangelho.
"Deus" precisa anular os não santos porque eles são hereges e infiéis. Perigoso tal caminho! Como pode isso? Após anos sendo conduzidos por psicopatas e perversos, caímos nesse caminho de 'normalidade' da sociedade. Essa narrativa se sustenta e é forte e delirante e muito delicada.
Estamos diante de um problema de saúde espiritual pública no Brasil e no mundo. Esses grupos dados às ditas boas tradições são sorrateiros e baixos e muito articulados. Eles começam a denegrir a honra das pessoas, ocupam postos de liderança e começam a agir em nome do "deus" que mata. Deus não quer a nossa vida? Vivem de modo desumano, vivem como se Deus não existisse.
É tempo de muita cautela e amor. Os revezes são delirantes e pedem de nós linguagem e caligrafia de Amor e respeito. Com uma saudável saúde mental. Não é tempo de confronto ou heroísmo. E penso que temos que fazer a nossa mea-culpa.
Um fenômeno perigoso esse. Igreja como 'business' (empresa) dá nisso. Lembro da mercearia da minha mãe, bar e mercearia Rose, em homenagem à minha irmã. Ali, aprendemos muitas coisas. A servir uma boa cachaça e um bom tira-gosto. Tínhamos que dar um expediente depois das aulas lá para aprender a viver. E num bar a gente aprende muito. A cultura do brinde e da escuta são remédios sinodais. Escutem e respeitem os mais velhos, lições da rua 7, lá em casa.
O tempo passa rápido... Estamos começando a colher aquilo que nem temos noção de que estamos atravessando. Temos muitos amigos e irmãos na trilha da fé fora do eixo humano. Precisam de cuidados. Precisam, talvez, de um olhar de salvação para eles. Após tanto desmando e modos servis de imoralidade como entender o Amor de Cristo?
Escrevo após ouvir um Bispo cabra "bão", um mineiro das Minas, de São João Del Rey, Dom Dirceu Medeiros (foto). Dom Dirceu é um ser humano e tanto pelo que falou deu para sentir o coração e o caráter dele. No almoço, com sua camisa pólo e sua cruz peitoral, bispo humano! Uma visão multiespiritual, homem preparado e simples. Falou para nós como um homem despido de tanta norma, solene e fiel a Jesus. Brincou de citar a Palavra de Deus, falou do coração, falou umas poesias e nunca se colocou acima dos seus interlocutores. Bispo é sínodo.
Estamos aquém do que a Igreja vive. O Espírito está soprando em Dirceu e em Francisco de Buenos Aires. Está soprando em Joaquim Mol, que me fez entrar na escola de José Tolentino, ainda jovem seminarista no Tribunal de Contas de Sergipe, ele veio nos presentear com uma feliz e fundamentada fala sobre tantos elementos da cultura e da vida.
Estão querendo condenar Mol? Os condenados vivem a condenar. Vamos ajudar esses amigos a se encontrarem com o Deus que Dança de Tolentino, com a Fratelli Tutti de Francisco. Com as poesias de Cora Coralina. Vamos ouvir mais Pe. Zezinho.
Estamos numa outra época. Época que evoca Amor porque esses blogueiros de plantão aprenderam a matar, a denigrir e a sujar a dignidade da Igreja e dos irmãos. Precisamos dar testemunho do que vimos e ouvimos com ardor e amor sinodal.
Sínodo, dizia Dom Dirceu, é coisa do Oriente. É coisa do Espírito Santo. Quem não buscar ter uma sadia vida espiritual não vai suportar a vida no Espírito Santo que é uma liberdade sem medidas.
Lembro da acolhida de pe. Jânison de Sá, na sede da CNBB em Brasília, lembro da seriedade que ali se busca ao serviço da Igreja no Brasil. Lembro da foto de Hélder na sala da presidência. Lembro de Irmã Sandra e Irmã Valéria, missionárias do rosto belo, Cristo Vive.
Essa Igreja paralela (virtual) não tem sentido, não vamos parar nessas redes sociais que criam rupturas e feridas no tecido eclesial. Vamos caminhar rumo à Porta da Misericórdia, o Coração de Jesus que incluiu o morador de rua para comer na casa do Bispo. Já pensou? Morremos sozinhos e a comida não tem sabor quando nos fechamos em nós. E que festa na terra, amor e respeito e partilha. Anúncio da Alegria. Vamos purificar as nossas Paróquias e Cúrias com o Óleo da Alegria, com o Sangue do Cordeiro Imolado. Cristo Ressuscitou! Vamos sair por aí como a gazela que procura o Amado. (Ct 2,9). Paremos de dar margem à maldade, ao esquizofrenismo espiritual de tanta gente que mata 'Deus' com suas neuroses mal resolvidas. Um deus assim se alimenta das suas vítimas. Cuidemos de Amar! É hora de Amar. É tempo de ser Igreja.
Escrevo com o coração exultando pela vida de Dom Dirceu, Dom Mol e Hélder Câmara e outros profetas do nosso tempo. Recordo o professor Romero Venâncio da UFS que nos provoca tanto e aborda temas reais e necessários.
Ontem, via o jogo do Palmeiras e, no meio da transmissão, a notícia do assassinato do candidato a presidência do Equador, Fernando Villavicencio. Não entro no mérito. Mas sei que as balas que alvejaram aquele senhor não tem parte com Vida e com o Amor. Essa ideia de anular o adversário pela via da morte tem entrado na Igreja? O que andam fazendo os influenciadores católicos da última geração? Usam véu, usam vestes religiosas, maculam a vida alheia? O que andam fazendo da Igreja? O que querem com tanta mentira e maldade? Os sinais religiosos são válidos e bem vindos. Sobre homens e mulheres resolvidos e integrados.
Mas o que motiva a nossa ação cristã? O Amor de Cristo? Sonhemos sonhos de Amor e dias melhores. Querem matar-nos?...mas quem pode tirar a minha, a nossa, nossa vida? Jo 10, 18... Fiz da minha vida um oásis e um cântaro... Vosso, Pe. Anderson Gomes.
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